segunda-feira, 13 de outubro de 2008

a cegueira

O filme do ano Ensaio Sobre a Cegueira chegou depois de séculos a Blumenau. E eu fui ver, é claro. Pra mim, nunca um filme tinha sido tão intenso quanto esse. O livro do José Saramago é um soco no estômago e foi esse mesmo tom que Fernando Meirelles captou da obra.
A cegueira repentina, o egoísmo, o desapego à moralidade e às regras sociais, a luta pela sobrevivência, tudo está lá. A mulher do médico é a guia desse drama. É ela a condutora de uma linha de personagens mergulhados no leite.
Creio que Saramago tenha dado o seu recado e Meirelles entendido muito bem. Só enxerga aquele que compreende a fragilidade humana, as limitações, os erros. A mulher do médico não está ali para condenar, mas pra mostrar a sensibilidade em um mundo em que a sobrevivência vale mais do que sentimentos.
Às vezes, a sensibilidade marca, machuca, destrói. Mas não é também uma vantagem num universo em que a razão predomina? É certo que os que enxergam além vêem tristezas que os outros são incapazes de sentir. Porém, as belezas saltam aos olhos. É um jeito de compensar, eu acho.
Enfim, divagações à parte, assistam ao filme, não percam tempo. Lavem a alma na chuva como os personagens e esqueçam, por algumas horas, que a razão comanda o mundo.

5 comentários:

Anônimo disse...

vou amanhã, pra pagar metade.

Thiago Duwe disse...

boa idéia Fábio.

Regi disse...

Eu assisti no sábado à tarde. E putz! Saí muito de cara. Chorei várias vezes durante o filme e minha vontade era berrar pras pessoas quando saí - Corram! Vejam esse filme enquanto podem! Sejam cegos pelo menos por uns instantes em suas vidas!
Tô até agora meio atordoada.
Foi foda! Tava louca pra ver e meu, me surpreendeu milhares de vezes mais do que eu esperava... Lindo!

Thiago Duwe disse...

"Mergulhados no leite" - hehehe..ótimo.

Agora relendo tua postagem, gostei mto das tuas interpretações. E acrescento que como a história em nenhum momento cita o nome da "mulher do médico". Pq é isso que ela é, até antes da cegueira tomar conta, ela sempre foi isso. E acima de tudo, nunca foi uma líder o que a impediu de algumas atitudes. Ela aprendeu a ser o que ela não era e o médico tb, mas ao reverso. No caos, tudo se transforma. Algumas cenas nunca sairão da minha cabeça e tá aí o melhor filme de 2008.

Ah, as fatalidades da irracionalidade me lembraram um outro filme. "Irreversível" - francês contemporâneo. Veja, tenho certeza que tu vai chorar e adorar. :)

caroline p. disse...

valeu pela dica. bom, nenhum personagem tem nome, seguindo a obra do José Saramago. minha impressão é que ela foi a única que não ficou cega pq desde o início preocupou-se com o outro.